domingo, julho 29, 2007 

IGNORÂNCIA E NEGLIGÊNCIA

“Imediatamente após ter lido o S/ blogue passei às notícias da Ciência do PÚBLICO ‘on-line’ e leio ‘Espanha inaugura hoje nas Canárias um dos maiores telescópios do mundo’ (13.07.2007 - 18h21 PUBLICO.PT):
‘O Grande Telescópio Canárias, com o maior espelho primário do mundo (totalizando uma superfície de 10,4 metros de diâmetro), será inaugurado hoje em La Palma (...)’.
E mais não li...
Uma ‘superfície de 10,4 metros de diâmetro’?!?
Como é possível?
Além da minudência de, quando se escrevem os valores das unidades em algarismos, esta dever ser escrita em símbolo e não por extenso (‘10,4 m’ ou ‘dez metros e quatro décimas’, p. ex.) ou se trata de uma superfície... em metros quadrados, ou de um diâmetro, em metros!
Nunca as duas coisas em simultâneo!!
Com efeito, algo vai mal no reino do PÚBLICO...”, escreve Emídio Gardé, um leitor de Paredes.

O PÚBLICO errou.

“No Destaque do PÚBLICO de hoje (16 de Julho de 2007), aparece em subtítulo: ‘O PS ganhou todas freguesias, mas não chegou aos 30 por centos’.
Quero acreditar que o ‘s’ que aparece na palavra cento se deve a uma arreliadora gralha...
Não me passa pela cabeça que o jornalista o tenha colocado para fazer concordância com 30.
Afinal 30% quer dizer que em cada cento (e não, ‘centos’) se verificam 30 ocorrências. Mesmo com as gralhas é preciso estar atento”, escreve M. Fernanda Almeida, uma leitora de Lisboa.

“Bom Português?
O PS ganhou todas freguesias, mas não chegou aos 30 por centos. Carmona e Roseta foram as outras estrelas de uma noite que, de tão má, Mendes e Portas não vai esquecer tão depressa’.
Não, não copiei este título de nenhum blogue escrito por qualquer adolescente português... é o subtítulo da notícia de hoje no jornal PÚBLICO sobre as eleições intercalares de ontem!”, escreve Pedro Polónio, um leitor de S. João do Estoril.

O PÚBLICO errou, três vezes.

“Já não é a primeira vez que lhe escrevo, assinalando falhas que considero mais ou menos graves no PÚBLICO, que para mim, continua a ser, apesar das mesmas, o melhor diário de referência. (...)
Na reportagem realizada por Nuno Amaral no Rio de Janeiro, a qual ocupa as 1ª, 2ª e 3ª páginas do PÚBLICO de sexta-feira, 29 de Junho, há qualquer coisa que não bate certo. É que se morreram 1800 pessoas assassinadas no Rio de Janeiro nos primeiros quatro meses deste ano, até são ‘muito poucas vítimas’, já que se insiste em que o número anual de assassinados é de 40.000 por ano.
Se o número de mortos na terça parte do ano é de 1800, o que julgo credível, o mais natural, multiplicando por 3 esse número, é chegarmos a 5400 no fim do ano, número muito distante dos 40.000 assinalados e repetidos.
Em que é que ficamos? Há ou não falta de rigor? Ou será que os assassinos cariocas se estão a portar muito melhor este ano?”, escreve Luís Leite, um leitor de Lisboa.

O PÚBLICO errou. O leitor também é vítima das ‘gralhas’:
“número anual por ano”?

“O PÚBLICO publicou uma fotografia de pernas para o ar!
No dia 19 de Julho a coluna intitulada ‘No passado’ (P2, página 2) foi ilustrada com uma fotografia da ‘Pedra de Roseta’ (ou Rosetta, como é conhecida no mundo anglo-saxónico e como consta na notícia). Fico espantado porque reparo que a fotografia está invertida na vertical (de pernas para o ar). Os hieróglifos egípcios que se encontram na parte superior na conhecida estela estão localizados inferiormente na fotografia. Para mais, verifica-se que a imagem está invertida na horizontal em relação à peça original (em espelho). Logo não se pode escrever que ‘Só a passagem inicial, em grego arcaico, era compreensível’, pois esta encontra-se na porção mais inferior e final.
Já não menciono o facto de o tenente Pierre Bouchard não estar a ‘deambular’ pela região, mas sim ser o responsável por obras numa fortificação perto da localidade de Rashid (nomeada Rosette pelos franceses) quando se deu a sua descoberta.
Enfim, mais um erro a adicionar a outros tantos que surgem amiúde no PÚBLICO quando se abordam assuntos históricos e científicos”, escreve José Paulo Andrade, um leitor do Porto.

O PÚBLICO errou.

“A fotografia, na página 2 do P2 de 17.07.07, é da Conferência de Ialta de 2 de Fevereiro de 1945, e não de 17 de Julho de 1945, data em que o Presidente Roosevelt já tinha falecido, e era o Presidente Truman o representante dos Estados Unidos. Churchill, que de facto começou a assistir à conferência de Potsdam, foi depois substituído por Attlee, que tinha ganho as eleições”, escreve Arie Somsen.

“A efeméride de hoje (17.7.2007) no caderno P2 é a conferência de Potsdam e lá vem o texto correcto, referindo a presença de Truman. Mas não é Truman que aparece na fotografia muito destacada, mas sim Roosevelt, claro que em Ialta. Já não há um jornalista minimamente culto? Ou um editor que tem por obrigação rever toda a secção?”, escreve o leitor cibernauta j.vcosta@...

O PÚBLICO errou.

“No PÚBLICO de 1 de Julho na página 40, Natália Faria escreve que Humberto Delgado sucumbiu às mãos da PIDE em 1958, o que não corresponde à verdade. Isso sucedeu já em Fevereiro de 1965.
Convenhamos que o jornal precisa de contratar revisores”, escreve bepiol@...

Solicitei um esclarecimento à jornalista.

"Concordo com o reparo, obviamente. No texto em causa, confundi duas datas importantes na vida de Humberto Delgado: por um lado, a da sua candidatura à Presidência da República, em 1958, marcada pela célebre frase ‘Obviamente, demito-o’ (Salazar, ndp) e, por outro, a do seu assassinato em Fevereiro de 1965, às mãos da PIDE, nos arredores de Valença. Era a esta data que me referia quando procurava situar a greve na Efanor. Pelo erro, as minhas desculpas”, respondeu Natália Faria.

É necessário acrescentar que Humberto Delgado não foi abatido “nos arredores de Valença”, mas junto à Ribeira de Olivença, em Los Almerines (Espanha). É um detalhe...

O provedor regressa a este espaço no início de Setembro.
Boas férias.

O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.pt

domingo, julho 22, 2007 

MORCELA E MILES DAVIS

A crónica do provedor publicada na passada semana suscitou um comentário assaz inesperado...

“Gostava de fazer aqui uma proposta que me surgiu como uma espécie de ‘Momentary Lapse of Reason’, mas felizmente sem drogas pelo meio, apenas umas tiras de presunto, uma morcela assada em aguardente bagaceira e um jarro de sangria.
Com tanta asneirada que anda pelo jornal em termos de tradução de despachos de agências noticiosas pq não começar a ‘distribuir trabalho’ pelos leitores? Se não há dinheiro para pagar a revisores pq não passar a coisa para os leitores?
Eu e muito boa gente estamos on-line o dia todo. Poderíamos receber a notícia da agência, ou até já a tradução de um jornalista. Parece-me óbvio que o PÚBLICO tem leitores mais do que capazes de analisar e responder rapidamente a erros colocados em papel, pq não fazer uma ‘task force’ preventiva quando eles ainda fermentam na Redacção?
Um leitor diz um conjunto de temas em que se sinta à vontade, enviam-lhe uma determinada notícia para ele traduzir e reduzir e depois ele responde em x tempo indicando as fontes. Sempre era uma forma de muitos leitores (a começar por mim que sou um chato) pararem de carpir pelos ataques à qualidade do jornal.
Teríamos, portanto, o acesso de um jornalista a um conjunto de despachos de agências noticiosas. Depois a verificação dos leitores que estivessem on-line e disponíveis para tratar dela e o envio para eles da dita notícia em bruto. O leitor reduzia-a e analisava um conjunto de fontes do resultado final reduzido que depois seriam entregues ao jornalista-encarregado. Isto tinha a vantagem de acabar com aquela estafada desculpa de que há falta de tempo e que se estava com pouco pessoal para fechar a edição, tão comum que por aí se lê. Desta forma pode-se alargar imenso a Redacção do jornal sem aumentar custos (se bem que um jantarzinho de quando em vez não ficava mal, nem que fosse darem-nos os ingredientes e nós tratávamos de confeccioná-lo) e acabar de vez com a ‘gap’ (fosso) que existe entre os jornalistas profissionais e os pesquisadores que muitos leitores são. É que muitas vezes uma simples busca pelo Google podia prevenir imensos problemas. Caso este ‘fact-check’ resultasse em pequenas notícias podia ser depois alargado às grandes e mais complexas peças de jornalista. E aí já tinham de sortear um BMW M5 entre nós. Mas isto já será se calhar esticar o orçamento...
Mas que sei eu? Que pode saber alguém de 29 anos? Muito pouco. Mas assim como a minha idade não inviabiliza a qualidade desta morcela também não inviabilizará a qualidade da minha ideia. O PÚBLICO garantia uma rede de colaboradores com provas dadas e nós leitores passamos de gente rancorosa a rir (e a rir imenso, ultimamente) de fora do problema para parte da solução.
E com estas palavras a noite caiu em Melgaço. E aí vai um pouco de Miles Davis para o Provedor ouvir”, escreve Pedro Maia, um leitor do Porto.

Solicitei um comentário ao director.

“Suponho que os meus avós, que muitas vezes foram de férias para Melgaço, nunca terão tido a oportunidade de ver a noite cair ao som de Miles Davis, mas sei que, tal como o leitor, sempre foram fiéis leitores de jornais num tempo em que pouco mais havia como fonte de informação. E se retomo a nota final da sua crónica com esta nota entre a nostalgia de um tempo que já passou e a consciência de que vivemos um tempo novo é porque, mesmo sem morcela nem sangria, vejo na sua mensagem tanto a ironia como a oportunidade. Estranho? Talvez não.
A ironia sobre a ‘asneirada’ pode ter, aqui e além, razão, até porque ninguém é perfeito, nem o rio Minho que deve ter no seu horizonte. O que sugere como método de trabalho parte do princípio, errado, de que o trabalho do jornalista é atamancar uns telexes de agências, melhor ou pior traduzidos, e partir para uns copos no bar mais próximo. A primeira parte, se excluirmos o atamancar, tem o seu quê de verdade: nos jornais utilizam-se os despachos das agências como na televisão se utilizam as imagens enviadas de todo o mundo pelas... agências. É assim, e ainda bem, desde que o senhor Havas e o senhor Reuters começaram a proporcionar este tipo de serviço. Há, contudo, peças de agência melhores do que outras, e entre os vários milhares que chegam por dia apenas uma pequena parte é aproveitada. Se os jornalistas fossem dispensáveis, a mesa onde pousa o seu copo e dispõe as suas tiras de presunto estariam cheias de montes de papéis sem ordem aparente, escritos nos quatro cantos do planeta, e levaria o dia inteiro só a escolher o que valia a pena ler. Teria tanto trabalho e consumiria tanto tempo para conseguir desfrutar da informação de que necessita como se tivesse de fazer a sua morcela desde o início, ou ir colher as uvas, pisá-las, deixar o vinho amadurecer e, por fim, juntar-lhe o necessário para um boa sangria. Cada um desses passos deve ser bem feito, como saberá apreciar pelo resultado final, mas regressar à ‘acumulação primitiva’ da informação não é solução para os males de o PÚBLICO por vezes padece, e que nem tentarei explicar.
Mas se esse regresso ao passado seria despropositado e inútil, o que me interessa na sua Melgaço é a maquineta de onde enviou a mensagem. É através dela que me fala, a mim, via Provedor, mas também aos leitores. Não lhe deve servir para fazer o que deve ser o trabalho do jornalista, mas pode servir, era bom que servisse, para fazer o trabalho que o jornalista não pode fazer: fazer de si, porventura abusando da sua disponibilidade, parte dos muitos olhos e ouvidos a que gostaríamos de estar abertos, não apenas para que nos fale de um seu dia de férias (suponho), mas que nos faça chegar realidades que por mais atentos que possamos estar nunca atingiremos. Queremos, e estamos a trabalhar para isso, que os leitores sejam olhos e ouvidos do seu jornal. Não mais jornalistas ou serviçais, mas antenas que um dia nos espetam uma farpa (e a que mais me dói é estar aqui a escrever noite dentro e sem nenhuma morcela para petiscar...) e nos outros nos trazem informações, opiniões, pedaços da realidade invisíveis e que podem, e devem, permitir não só uma interactividade entre a minha pessoa, na cadeira do director, e o seu humor, mas o ponto de encontro de muitas sensibilidades diferentes.
Não lhe respondi? Não respondi ao Provedor? Acho que sim, que respondi: o nosso papel de jornalistas é o de separar a boa da má informação e não asneirar. Falhamos se falharmos nesse papel de distinguir o essencial do acessório de apontar ao leitor onde está a informação mais relevante e os temas mais interessantes. Isto sabendo que os leitores, enviando uma carta ou escrevendo num blogue, sem serem jornalistas, podem ser a nossa ‘rede’. A rede que facilita a circulação das ideias e das informações, não aquela para que se oferece e apenas serve, o que mesmo assim não seria coisa pouca, para amparar o trapezista desastrado”, respondeu José Manuel Fernandes.

A resposta parece-me convincente, será do Miles Davis?
O provedor está mesmo a precisar de férias...

Post-scriptum – No primeiro semestre deste ano um leitor elogiou um(a) jornalista. Pareceu-me importante publicar esse depoimento por uma questão de justiça. E de transparência. Também há excelentes profissionais no PÚBLICO.
“No passado dia 1 de Julho, na página 18 do Primeiro Caderno, o PÚBLICO trazia uma notícia intitulada ‘Ministro japonês justifica bomba atómica de 1945’.
Decidi escrever-lhe porque considero que a notícia, apesar de não estar assinada, está redigida de uma forma que considero exemplar e que já não é comum encontrar.
De facto, o texto começa por um parágrafo em que o essencial da posição do ministro é enunciado, segue-se um segundo parágrafo onde é apresentado o essencial da posição dos que discordam do ministro e, finalmente, um último parágrafo onde é resumido o que se passou em 1945 e que está na origem da actual controvérsia, sem comentários e sem tomar partido.
E tudo isto em três pequenos parágrafos, de forma clara, concisa e completa; é uma beleza!”, escreve Eugénio de Sousa, um leitor de Lisboa.

De acordo com o Livro de Estilo “todos os textos são assinados” e “os textos baseados em notícias de outros órgãos de comunicação devem mencionar de forma inequívoca a sua origem”, mas isso nem sempre sucede nas páginas do PÚBLICO. E, aparentemente, nem os bons (as boas) jornalistas respeitam sempre esta regra. É pena.

O endereço electrónico do provedor é:
provedor@publico.pt

domingo, julho 15, 2007 

PARA QUEM É, BACALHAU BASTA

O texto não assinado “Bebé mamute encontrado intacto no gelo da Sibéria” (11/07/2007) não passou despercebido. E entende-se.

“É-nos dito que os cientistas vão enviar o cadáver para o Japão para ser retirado ADN e esperma, tendo em vista revivar a espécie.
Nunca na minha curta vida (29 anos) li tanta asneira concentrada em tão poucos caracteres.
Em primeiro lugar porque a notícia começa logo com ‘É uma fêmea’ e, portanto, tirar esperma de uma fêmea será tarefa complicada. E depois mesmo que fosse um macho não seria através do esperma que seria possível criar novos mamutes porque o esperma contém apenas metade da informação do animal. Confirma-se a recente tendência do PÚBLICO para, nas notícias curtas, fazer traduções literais de notícias de agências noticiosas dando amplexo à asneira pré-existente. Vou ali comprar o Correio da Manhã e já volto (estou a brincar, obviamente...)”, escreve Pedro Maia, um leitor do Porto.

“Com esta é que o provedor desiste mesmo...”, escreve João Paulo Menezes no seu blogue “Blogouve-se (postais sobre jornalismo)”.
Rui Oliveira, um leitor do blogue, comenta:
“De facto, depois de ler a notícia, ri-me imenso. Mas, depois lembrei-me de ir ao sítio da BBC ver como estava escrita a notícia original (http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/6284214.stm). (...)
Resumo da notícia original mal feito (se por dificuldade de tradução, se por falha de compreensão do artigo não sei). (...)”
Gabriel, outro leitor do “Blogouve-se” acrescenta: “Há coisas fantásticas, não há?”

A Ciência e a História não podem ser tratadas de forma tão negligente nas páginas do PÚBLICO. É a credibilidade do jornal que está em causa.

“Errar é humano e compreendo perfeitamente que os erros da mais diversa ordem (factuais, de ortografia, de gramática, de pontuação, de redacção) que se insinuam com maior frequência do que seria desejável nos jornais, mesmo nos mais sérios e cuidadosos, são inevitáveis até certo ponto. Mas não podem deixar de ser notados os mais disparatados, mesmo que talvez não mais graves, como o que me fez rir ao ler uma frase na notícia trágica sobre o flagelo da tuberculose multirresistente. A frase é a seguinte: “Se a forma normal da tuberculose, que afecta, na maioria dos casos, os pulmões, é facilmente identificável com um simples telescópio, a tuberculose multirresistente requer investigação e laboratórios mais sofisticados…”. Há trocas de palavras assassinas”, escreve Júlio Freire de Andrade, um leitor de Lisboa.

Os reparos são pertinentes.

O autor do artigo
“OMS tem plano de dois anos para combater o flagelo da tuberculose multirresistente” (edição impressa de 23/06/2007) não confunde só “telescópio” com ‘microscópio’. O texto não assinado de 63 linhas não tem praticamente um único número correcto e contém, por outro lado, erros de Português.

1º ERRO
PÚBLICO:
“Organização Mundial de Saúde (OMS) quer lançar um plano de dois anos para combater o flagelo da tuberculose multirresistente que pode salvar a vida de cerca de 138 mil pessoas.”
O número do PÚBLICO é incorrecto.
A OMS indica apenas 134 mil casos (www.who.int/mediacentre/news/releases/2007/pr32/en/index.html).
O provedor sublinha que (ao contrário do que afirma o PÚBLICO) a OMS não
“quer lançar um plano”. A organização “lançou” uma operação (em inglês: “launched”). É ligeiramente diferente, mas o rigor é importante.

2º ERRO
PÚBLICO:
“Este tipo de tuberculose, com casos em 37 países, afecta 450 mil pessoas por ano e traduz-se, essencialmente, por uma resistência a certas terapias com antibióticos.”
O número do PÚBLICO é incorrecto. Não são “450 mil pessoas”, são 424 mil.
A OMS refere: “... There are an estimated 424 000 new cases”.
O provedor conclui que o PÚBLICO “reproduziu” o texto do ‘sítio’ da BBC (http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/6229406.stm). E como a BBC se enganou...
É importante acrescentar, por outro lado, que (segundo a OMS e ao contrário do que escreve o PÚBLICO) se trata de uma estimativa e não de um facto. A formulação correcta seria, portanto, “poderá afectar”. É mais um detalhe...
O provedor ignora a razão que levou o jornalista do PÚBLICO a optar pelo despacho da BBC apesar de o comunicado de imprensa da OMS (fonte primária da notícia) ter sido divulgado antes no próprio ‘sítio’ da organização. Uma das hipóteses é o “facilitismo” ou, por outras palavras, a “papinha feita”: informação tratada pela BBC...

3º ERRO
PÚBLICO:
“Para Margaret Chan, directora-geral da OMS, esta resistência é uma ameaça séria à segurança e estabilidade da saúde pública mundial.”
Margaret Chan e o próprio comunicado de imprensa da OMS referem uma “ameaça” (“threat”). Para o PÚBLICO “ameaça” corresponde a “ameaça séria”. É uma formulação abusiva que deturpa as palavras da directora-geral. É só um detalhe.

4º ERRO
PÚBLICO:
“Se a forma normal da tuberculose, que afecta, na maioria dos casos, os pulmões, é facilmente identificável com um simples telescópio...”
O PÚBLICO confundiu ‘microscópio’ com “telescópio”. É mais um pormenor...

5º ERRO
PÚBLICO:
“... alertou Paul Nunn, coordenador do plano da OMS ao site da BBC.”
A formulação “alertou... ao” é inadequada em Português. Falta, por outro lado, uma vírgula a seguir a “OMS”. Futilidades...

6º ERRO
PÚBLICO:
“Investigadores alertaram em 2006 para novas estirpes de tuberculose altamente resistente com base no estudo de um grupo de doentes da África do Sul, numa região com grande prevalência também de HIV. Esses doentes não respondiam a qualquer tipo de terapia. Em 53 casos, todos morreram, excepto um.”
A OMS dá outra versão da evolução dos acontecimentos, mas isso também é irrelevante, obviamente.

O provedor considera anormal haver tantos erros e tantas imprecisões nas páginas do PÚBLICO. E partilha as preocupações dos leitores. “Se encontrei estes erros sobre um assunto que conheço, qual a fidedignidade de notícias de assuntos que não domino?”, escrevia José Paulo Andrade, um leitor do Porto.
“O melhor jornal da paróquia” (segundo o leitor Orlando Simas) devia apostar no rigor e criar mecanismos para evitar o recurso ao “copianço” (com ou sem citação das fontes), pelo menos isso. É a credibilidade do PÚBLICO que, repito, está em causa. E isso não é coisa pouca para um jornal que se considera de referência...

O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.pt

segunda-feira, julho 09, 2007 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 46

Caro Provedor,
Antes de mais nunca é demais saudar um espaço onde o leitor possa tornar um pouco mais bi-direcccional a relação jornal/leitor.
É esta a razão pela qual escrevo.
Acompanhei com especial interesse a eleição dos "7 horrores de Portugal" e a suposta polémica associada, em relação à qual apesar de ter opinião não é tema deste comentário.
Parece-me que o Público, sem para tal estar obrigado, acaba por cumprir um verdadeiro serviço público ao obrigar-nos a todos a enfrentar a fealdade arquitectónica que por (muitas) vezes nos rodeia.
A minha surpresa reside no facto de, ao contrário do que aconteceu até ao dia da eleição, o Público ter dado um relativo destaque na edição web, com a colocação de um link muito apelativo, por exemplo.
Reparo que hoje, dia 9, fechada que está a eleição este tema está complemente ausente do sitio.
Atrevo-me a ajuizar que será motivado por algum pudor que obriga a alguma descrição associado a uma reacção um pouco exacerbada por parte dos leitores em relação a esta iniciativa?
Os meus melhores cumprimentos à equipa,
Pedro Mata (um leitor desde o inicio)

domingo, julho 08, 2007 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 45

7 DISPARATES:
O conteúdo desta carta não pretende ser uma crítica sumária a este tipo de concursos, que valem o que valem – veja-se o caso das "novas" sete maravilhas do mundo que absurdamente incluem maravilhas do Mundo Antigo (!?) –, mas sim à confusão de conceitos e enganos que provocam, motivados pela superficialidade com que se elaboram, e de que a lista em causa constitui mais um exemplo.
Será a ampliação da Cinemateca portuguesa, por exemplo, obra de reduzida dimensão e impacte que muitas pessoas desconhecem – até por ser completamente invisível da rua –, um dos horrores de Portugal? E a que propósito (para além do puro capricho) o será o Oceanário ou a faixa do Parque Eduardo VII?! Já agora, porque não incluir a "faixa" do Campo Grande, ou outra "faixa" verde qualquer? O que precisamos é betão e asfalto, correcto?
Podem até valer-se (ou refugiar-se) na subjectividade da escolha pessoal de quem elabora a lista, mas toda a iniciativa como foi pensada – se calhar o problema é que nem o foi, o que é grave num jornal de referência – cai por terra, quando facilmente se demonstra a ligeireza e pouco trabalho com que foi feita, para que seja considerada como válida (nem imagens de todos os exemplos tem, e algumas das existentes estão erradas).
Uma das fragilidades que mais chama a atenção, é o facto de a esmagadora maioria das escolhas se centrarem em Lisboa quando se trata de uma votação (mesmo lúdica) que tem a pretensão de ser "de Portugal". Se tivermos em conta que o painel de críticos é ou está todo em Lisboa, é inevitável que se pense que nada fizeram para conhecer ou saber o que se passa em Cedofeita, Rio Tinto, Matosinhos, Cacém, Amadora etc. ou em muitas cidades algarvias (veja-se Quarteira ou Portimão) e sabemos que são nessas cinturas urbanas que se situam os verdadeiros horrores. Ou então, mais grave ainda, o painel de críticos não conhece Portugal e não está minimamente interessado sobre o que se passa no resto do País.
Depois, são os próprios critérios (ou a ausência deles) que subjazem à escolha dos exemplos em causa, onde reina a total gratuitidade. Confunde-se má arquitectura, que deveria pura e simplesmente ser implodida (houvesse coragem) com meras questões de gosto (sempre muito discutíveis). Ainda por cima estas revelam, à saciedade, fraquezas e mal disfarçados ressentimentos entre arquitectos que, pelo contrário, deveriam exercer uma função pedagógica junto do público, o qual em vez de birras pessoais motivadas por projectos perdidos para fulano ou beltrano, era bom que soubesse, antes de mais, o que é boa ou má arquitectura.
É isso que é fundamental em qualquer país civilizado, pois a formação de uma opinião pública esclarecida é o primeiro garante para se evitarem atropelos arquitectónicos e crimes lesa-património que empobrecem as cidades justamente onde ela não existe ou é inoperante.
Por isso, não se compreende como se colocam a par uma Praça do Areeiro (independentemente do gosto – se fosse assim o Palácio da Pena hoje já não existia) e os centros comerciais do Martim Moniz, de Gaia ou do Porto (o que dizer do Shopping Cidade do Porto ou daquele em frente do Soares dos Reis!) que deveriam pura e simplesmente desaparecer, não só pela confrangedora qualidade arquitectónica e construtiva, mas também pelos danos visuais que provocam na envolvente.
Estes sim, são os verdadeiros horrores, as verdadeiras chagas das nossas cidades e não os edifícios do Cristino da Silva, que fazem efectivamente parte do património da cidade (como muitos outros "português suave", modernistas ou Deco) pois independentemente das questões ideológicas ou de gosto envolvidos (que também pertencem à nossa história) raramente foram má arquitectura. Parece que ainda andamos a discutir o Congresso de 48! Isso é passado! Vejam o erro que foi demolir o Monumental, que noutra cidade europeia teria sido impensável – porque poucas tinham cinema como aquele – para depois o substituírem pela "brilhante" arquitectura que hoje lá se vê. Casos como este acontecem todos os dias nas cidades portuguesas, que vão ficando cada vez mais descaracterizadas (como as cidades do terceiro mundo) por deitarem fora, numa voragem autofágica de inaceitável miséria cultural, tudo aquilo que contribuiu para moldar o seu carácter que, necessariamente, devíamos manter.
Ilustra bem esse completo desnorte a inclusão, na dita lista, de edifícios em que se ultrapassa a discussão do gosto para se entrar de rompante na manifesta falta de cultura artística. É o caso da igreja de Santa Luzia em Viana, um dos mais interessantes exemplos neo-medievais do nosso Romantismo, ainda para mais da autoria de Ventura Terra, seguramente um dos nomes que mais contribuíram para a qualificação da arquitectura portuguesa e cuja obra, sobejamente conhecida cá e lá fora, ajudou a disfarçar a pobreza do ensino e das ideias que aqui campeavam (e que pelos vistos não têm emenda).
É como se passasse pela cabeça dos parisienses porem numa lista equivalente o Sacré Coeur. É também isso que nos separa deles – nós criticamos o acessório, eles valorizam o essencial. Não sejamos tão apressados em julgar a arquitectura do passado quando a nossa época é, nesse aspecto, das mais selvagens, bárbaras e culturalmente pobres que há memória.
E assim vai a nossa arquitectura e os supostos teóricos dela...
R. Sousa; A. Xavier; C. Correia S. Morais (grupo de cidadãos consternados)

 

A LOTARIA DA INFORMAÇÃO (I)

A SORTE GRANDE
“Parece-te que este título se justifica?
O comandante português ‘escapou ao atentado’? ou passou a outras horas? ou o atentado era contra os espanhóis?
‘Poderia ter sido’ é notícia?
Dúvidas, causadas talvez pela provecta idade”, escreve a leitora e jornalista Diana Andringa.

Eis a notícia em causa:
“Líbano: comandante português escapou ao atentado que causou seis mortos ao contingente espanhol (24.06.2007 - 22h02 - Margarida Santos Lopes). O comandante português no Sul do Líbano poderia ter sido uma das vítimas do ataque de hoje (...)”.

Pedi um esclarecimento à jornalista.
“As perguntas da leitora são legítimas, e eu vou tentar justificar as minhas opções.
Se o comandante ‘escapou ao atentado ou passou a outras horas’, a resposta pode ser uma, outra e ambas, porque não ficou ainda provado que o atentado visava especificamente a patrulha espanhola e não qualquer dos contingentes, incluindo o português, que integram a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). Se visava qualquer componente da UNIFIL, escolhida como ‘alvo’ segundo confessaram, alegadamente, suspeitos membros da milícia Fatah al-Islam capturados pelas autoridades libanesas, então o comandante português poderia ter sido uma das vítimas porque tinha passado pelo local horas antes.
Quando o próprio comandante me revela que havia passado horas antes pela mesma estrada onde foi morta a patrulha espanhola, eu não poderia ignorar esse facto, e achei relevante dar atenção ao caso português e não apenas ao drama espanhol. Frisando logo nos primeiros parágrafos do texto que o tenente-coronel Rodrigues dos Santos tranquilizou as famílias dos militares portugueses sob as suas ordens, dizendo que estavam todos bem, tentei mostrar, como o próprio oficial também admitiu, que a missão portuguesa não está isenta de riscos. Foi ele próprio que disse durante a conversa telefónica que tivemos: ‘Olhe, eu poderia ter sido um deles [mortos]’.
Os jornais espanhóis forneceram todos os detalhes, por muito insignificantes que fossem, sobre o ataque de que foram vítimas as suas tropas, esforçando-se por dar aos seus leitores todas as peças para entender o que se passa num país à mercê de grupos e governos que o querem desestabilizar, usando a UNIFIL como ‘escudo humano’ ou ‘refém’, segundo o que sublinham vários analistas com quem tenho falado para um artigo mais abrangente que estou a preparar. O meu objectivo foi o mesmo: dar toda a informação de que dispunha, aproveitando o facto de ter sido a única jornalista em Portugal a falar nesse dia com o tenente-coronel Rodrigues dos Santos.
Salientar que o comandante português ‘escapou’ (não é mentira) ao maior ataque à UNIFIL desde que terminou a guerra Israel-Hezbollah no Verão de 2006 não me pareceu exagerado, mas reconheço à leitora o direito de ter uma opinião contrária. Uma bomba foi recentemente desactivada numa praia de Tiro, no Sul do Líbano, que visava os capacetes azuis. Foi notícia em todo o mundo que a bomba ‘poderia ter rebentado’. Foi notícia que ‘poderia ter causado muitas vítimas’. Eu acho que foi notícia que o comandante ‘poderia ter morrido’.
Não foi especulação. Não foi essa a minha intenção. E se foi entendido como tal, peço desculpa por ter dado essa impressão”, respondeu Margarida Santos Lopes.
O provedor discorda.
1- Escreve a jornalista: “Se o comandante ‘escapou ao atentado ou passou a outras horas’, a resposta pode ser uma, outra e ambas”.
Pode ser tudo e mais alguma coisa, portanto. O jornalismo baseia-se em factos, não em suposições.
O militar português não pode ter escapado ao atentado porque não se encontrava no local naquele momento.
2- Escreve a jornalista:
“... não ficou ainda provado que o atentado visava especificamente a patrulha espanhola e não qualquer dos contingentes, incluindo o português”.
Como não se provou nada, a jornalista conclui que o contingente português podia ser um alvo. É uma argumentação inaceitável. Facto: a patrulha espanhola foi atacada. O resto é especulação.
3- Escreve a jornalista:
“Quando o próprio comandante me revela que havia passado horas antes pela mesma estrada onde foi morta a patrulha espanhola, eu não poderia ignorar esse facto, e achei relevante dar atenção ao caso português e não apenas ao drama espanhol”.
O militar português escapou, portanto, ao atentado porque passou pela mesma estrada umas horas antes. É uma conclusão que vende papel (?), mas é pouco racional.
4- Escreve a jornalista: “...tentei mostrar, como o próprio oficial também admitiu, que a missão portuguesa não está isenta de riscos”.
Margarida Santos Lopes optou por “mostrar” que a missão de um militar num cenário de guerra “não está isenta de riscos”. É, no mínimo, um dado inédito e deveras surpreendente...
5- Escreve a jornalista: “Os jornais espanhóis forneceram todos os detalhes, por muito insignificantes que fossem, sobre o ataque de que foram vítimas as suas tropas”.
As opções editoriais alheias não dizem respeito ao PÚBLICO. E não servem, por outro lado, de justificação para coisa alguma. O problema não é os jornais espanhóis terem fornecido “todos os detalhes”. É o PÚBLICO ter enveredado pelo sensacionalismo (baseado em meras suposições) quando nada aconteceu aos militares portugueses.
As tropas espanholas que Margarida Santos Lopes refere não são
“as suas tropas” (por oposição “às nossas”). O recurso ao pronome possessivo é um erro. O jornalismo com bandeira é um perigo...
6- Escreve a jornalista:
“Salientar que o comandante português ‘escapou’ (não é mentira) ao maior ataque à UNIFIL...”.
O comandante não pode ter escapado, repito. No momento do atentado estava a milhas de distância.
7- Escreve a jornalista:
“O meu objectivo foi o mesmo: dar toda a informação de que dispunha, aproveitando o facto de ter sido a única jornalista em Portugal a falar nesse dia com o tenente-coronel Rodrigues dos Santos.”
O objectivo é legítimo, mas é necessário não confundir Informação com Sensacionalismo. O facto de Margarida Santos Lopes “ter sido a única jornalista em Portugal a falar nesse dia com o tenente-coronel Rodrigues dos Santos” só representa isso mesmo: falou com o militar. Isso só por si não é notícia...

8- Escreve a jornalista: “Foi notícia em todo o mundo que a bomba ‘poderia ter rebentado’. Foi notícia que ‘poderia ter causado muitas vítimas’. Eu acho que foi notícia que o comandante ‘poderia ter morrido’”.
O provedor desiste.
O sensacionalismo pode ajudar a vender papel durante algum tempo, mas a prazo todos acabamos por perder. A Informação não é uma mercadoria. É um serviço. E os jornalistas regem-se por princípios e um código deontológico. O seu primeiro dever é respeitar a verdade dos factos. E a sua lealdade é para com os leitores, não para com o mercado. É a minha profunda convicção, mas posso estar enganado.

O endereço electrónico do provedor é:
provedor@publico.pt

sábado, julho 07, 2007 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 44

Caro Sr. Rui Araújo,

A propósito do concurso sobre as novas 7 Maravilhas do Mundo, queria deixar aqui umas notas acerca do trabalho sobre o mesmo que o Público traz hoje no seu destaque.
Primeiro a nota crítica para a inexistência de uma referência sobre quais seriam as 7 Maravilhas do Mundo Antigo.
Na notícia "Brasil e Índia são os mais mobilizados e o Vaticano o mais indignado", a jornalista Alexandra Prado Coelho até diz que «os gregos [fizeram] a lista inicial», quando isso não é exactamente verdade. Foi um poeta grego, não "os gregos", quem primeiro elaborou a lista completa tal como ela hoje é conhecida. A forma como a jornalista refere o assunto dá a impressão de ter existido uma espécie de concurso "à antiga" para a "eleição" desses monumentos.
Já na descrição das "Maravilhas" que é feita nas páginas 4 e 5, se podem encontrar umas incorrecções. Diz-se que o Castelo de Neuschwanstein foi concluído depois de Luís da Baviera ter sido deposto. Isto é incorrecto no sentido em que o castelo nunca chegou a ser conluído. A Muralha da Chine é, pela enésima vez, tomada como «o único [monumento] que será visível do espaço», assim perpetuando um mito falso ou, no mínimo, inconsistente. A Grande Muralha da China será possivelmente visível em órbita da Terra (o que não significa "do espaço"), em condições perfeitas, por astronautas que terão desde logo visão essencialmente perfeita e apenas se souberem onde olhar. Os astronautas que tentaram chegaram à conclusão que haveria muitos outros objectos feitos pelo homem que eram muito mais visíveis.
É possível que existam outros erros, mas não serei eu a pessoa indicada para os apontar. Deixo apenas a chamada de atenção para o erro facilitista no texto que acompanha o Mosteiro da Batalha sobre o concurso das 7 Maravilhas de Portugal. Diz-se que o mosteiro foi construído «ao longo do século XV». Tendo a construção do mosteiro sido iniciada em 1386 e terminada em 1517, dificilmente se pode dizer que foi apenas "ao longo do sec. XV", uma vez que se iniciou no sec. XIV e terminou no sec. XVI. Dizer que todos os monarcas ali deixaram a sua marca, então, é um pedaço de texto de tal forma para encher que mais valeria não estar presente.

Os meus melhores cumprimentos,

João Sousa André

sexta-feira, julho 06, 2007 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 43

EXMO. SENHOR PROVEDOR,
LAMENTO A ATITUDE DO SEU JORNAL NA INICIATIVA DOS "7 HORRORES".
PELO QUE LI NA PÁGINA DA NET, SÃO MAIS QUE MUITAS AS CRÍTICAS DOS INFELIZES DE TAL ABERRAÇÃO AO SEU JORNAL, NOMEADAMENTE POR CAUSA DA INCLUSÃO DO ESTÁDIO JOSÉ ALVALADE NA LISTA.
POR ESTE ANDAR, O SEU JORNAL COM JORNALISTAS DESTES ESTÁ AQUI ESTÁ A FECHAR.
LAMENTO PELO SEU EMPENHO E SERVIÇO COM ESTA TRISTE QUESTÃO.
SUGIRO UM PROVEDOR DO TRABALHO TEMPORÁRIO PARA O AJUDAR NAS RESPOSTAS AOS LEITORES.
AGRADECIMENTOS,
JOSÉ LUÍS P.SOBRAL

terça-feira, julho 03, 2007 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 42

7 HORRORES DE PORTUGAL
Pasmado!!!
Estou simplesmente pasmado!Acho que nem forças me restam para estar outras coisas... indignado, enfurecido, nada...
Pasmo pelo conteúdo da lista.
Ainda que os conceitos de belo e horrível sejam discutíveis - correm rios de filosófica tinta sobre o assunto - creio que se possa sempre tomar como referência um cânone geral de bom senso, que mais não seja na interpretação do objectivo da eleição de um "horror".
Eu esperaria encontrar uma lista bem mais longa de imóveis ilegais, urbanizações feitas sem critério, crescimento urbanístico selvagem sem preocupações ambientais e patrimoniais e - porque não - dos vários resultados de compadrios e até de "favores" político-partidários! (não escondam a cabeça...). Vejo que o bom senso escasseou. O que temo é que isso seja índice do que aconteceu à inteligência!...
Mas mais pasmo pela avalanche de manifestações de indignação por, nessa lista, estar incluído o Estádio José de Alvalade!!!...
Raras são as mensagens em que se questiona a presença de MONUMENTOS NACIONAIS, de símbolos da Fé cristã e de outras obras arquitecturais.
O que preocupa os portugueses - e rassalvo mais uma vez as honrosas excepções - é o Estádio do Sporting!!! E o ataque que isso possa significar à 'instituição' e aos adeptos.
Será possível que os nossos maiores problemas sejam o futebol e o estádio de Alvalade?!!!...
Temo, mais uma vez, que o que aconteceu à inteligência de O Público seja só a demonstração estatística do que está a acontecer à inteligência dos portugueses...
Lamento! Profundamente...
psx.man@

 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 41

Caríssimo Provedor
Cá estou eu outra vez. Ontem, vinha do Parque das Nações e não sendo a primeira vez que me acontece, olhei para o meu lado esquerdo, ontem lembrei-me dos vossos 7 HORRORES. Pois é, quem vem do Parque das Nações para o Aeroporto da Portela, ao subir essa avenida e olhando para o lado esquerdo, aí sim vê-se o edifício mais horroroso que já vi em toda a minha vida, já andei por África, Angola e ex: Zaire e juro vi coisas que na altura julgava horrorosas, mas que com o passar do tempo tornou-se insignificante, e o que vocês tem no vosso passatempo ou lá o que lhe quiserem chamar, comparado aquele edifício, o que tem lá são tudo maravilhas. Façam o favor de ir ver essa maravilha para os vossos horrores. Quando passo por lá me idealizo em Luanda, na actual deve estar um horror.
Agradeço a vossa atenção, mas não contem com a minha votação em coisas de menor importância.
Almerinda Amaral - Lisboa

segunda-feira, julho 02, 2007 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 40

Ainda sobre os Horrores de Portugal,

Estou fora de Portugal há alguns meses mas muito deve ter mudado no meu país. Se, neste momento, os nossos horrores arquitecturais são o Cristo Rei, Santa Luzia, o Sameiro, a Capela dos Ossos, o Oceanário, etc., o país deve estar tão incrivelmente bonito que quando sair do avião vou ter de me descalçar em respeito àquele que deve ser o pedaço de terra mais brilhante do planeta. De outra forma serei levado a concluir que em vez de uma lista com os principais horrores da nossa arquitectura o Público está a dar-nos uma lista que reflecte as invejas entre arquitectos e outros problemas, talvez mais profundos, dos intelectuais que fizeram esta extraordinária selecção. Talvez não fosse má ideia retirar esta lista antes que o país a descubra e perceba o quão ofensiva ela é para a arte e para o bom senso.
Melhores cumprimentos,
Sebastião Silva, Reino Unido

domingo, julho 01, 2007 

“O PÚBLICO VOLTOU A ERRAR”

A nota “O PÚBLICO errou”, publicada na edição de 21 de Junho, não passou despercebida.
Eis o texto em causa:
No artigo intitulado ‘A Rainha Coleccionadora’, publicado ontem no P2, referia-se erradamente que D. Catarina de Bragança era mulher de D. João III. Na verdade, a mulher de D. João III chamava-se D. Leonor de Áustria (irmã de Carlos V).

Esta ‘correcção’ suscitou alguns protestos, obviamente.


"’O PÚBLICO errou’ de 21/6, e continua a errar. A mulher de D. João III é D. Catarina de Áustria (não de Bragança). Esta é filha de D. João IV, rainha de Inglaterra”, escreve Joaquim Lagoeiro, um leitor de Lisboa.

“Venho sugerir uma nova entrada: ‘O PÚBLICO voltou a errar’.
No ‘PÚBLICO’ de hoje (21/06/2007) afirma-se que a mulher de D. João III se chamava D. Leonor de Áustria e não D. Catarina de Bragança, como tinha sido referido no dia anterior. Na verdade D. João III casou em 1525 com D. Catarina de Áustria, filha de Filipe o Belo, arquiduque de Áustria e de Joana a Louca. Catarina de Áustria era irmã de Carlos V e de D. Leonor de Áustria, terceira mulher de D. Manuel I (embora prometida a D. João III).
Nota – D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, casou com Carlos II de Inglaterra.
Teria sido fácil uma consulta, por exemplo, a um Dicionário de História de Portugal ou à Internet !”, escreve Maria Cândida Araújo, uma leitora do Porto.

“O PÚBLICO, jornal que se pretende de referência, no artigo intitulado ‘A arte da primeira globalização em Washington’ e não ‘A Rainha Coleccionadora’ (P2, em 20/06/07), escreve: ‘D. Catarina de Bragança, mulher de D. João III, foi uma das mais importantes coleccionadoras europeias e ainda uma atenta e generosa doadora – na Sackler estarão algumas das suas ofertas a outras monarquias europeias.’
Na Secção ‘O PÚBLICO errou’ (em 21/06/07) corrige da seguinte forma:
‘... referia-se erradamente que D. Catarina de Bragança era mulher de D. João III. Na verdade, a mulher de D. João III chamava-se D. Leonor de Áustria (irmã de Carlos V).’
Afinal, segundo o PÚBLICO, ‘quem era a rainha coleccionadora’?
Lendo o artigo e a correcção fica-se sem saber se era:
a) D. Catarina de Bragança (século XVII; rainha de Inglaterra)
b) D. Leonor de Áustria (século XVI; terceira mulher de D. Manuel I, erradamente dada como mulher de D. João III)
Desfazendo as confusões:
Na realidade a ‘rainha coleccionadora’ era D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III e depois regente durante a menoridade de D. Sebastião. (Irmã de D. Leonor e de Carlos V).
Ver: Nuno Vassallo e Silva – <>, in: EXOTICA, Os Descobrimentos Portugueses e as Câmaras de Maravilhas do Renascimento, catálogo de exposição, Lisboa (Museu Calouste Gulbenkian), 2002.
Na página 31 pode ler-se: ‘D. Catarina de Áustria, a primeira grande coleccionadora de objectos raros e preciosos do Oriente, cuja importância no coleccionismo da casa de Habsburgo tem sido bem comprovada por Annemarie Jordan, ...’
Como leitor habitual da coluna do provedor, espero que mais uma vez com a sua pedagogia se esforce, mesmo que com pouco sucesso até agora, para convencer os responsáveis de que um ‘jornal de referência’ não pode ser feito com tanta ignorância e displicência”, escreve Neiva Correia, uma leitora de Lisboa.

Os leitores têm razão.
A mulher de D. João III era Catarina de Áustria.
O PÚBLICOU errou (no artigo de Rita Siza) e voltou a errar (na ‘correcção’ apresentada).

“Mais uma vez ao ler uma notícia no P2 do dia 18 de Junho constatei a existência de várias incorrecções que retiram rigor histórico e credibilidade ao PÚBLICO.
Na pequena coluna ‘Napoleão foi derrotado em Waterloo’ encontrei os seguintes erros:
a) O aliado prussiano é Blücher e não Bluchner, como consta no texto. Não era um simples general como é referido, mas sim um marechal de campo e com o título nobre de Príncipe de Wahlstatt. Os reforços prussianos (49000 homens não aparecem subitamente num campo de batalha no início do século XIX) não foram uma verdadeira ‘surpresa’.
b)A referência a uma canção dos Abba é totalmente descabida e inapropriada. Ainda para mais, Napoleão Bonaparte não se rendeu em Waterloo como está referido no texto e na canção (!). Foi derrotado nessa batalha o que é totalmente diferente.
c) O imperador Napoleão Bonaparte regressou a Paris a 21 de Junho e não a 22 do mesmo mês tendo abdicado a 23 de Junho.
d) Se a ilha de Santa Helena é definida como ‘remota’, como pode estar ‘próximo da costa de África’? Está aproximadamente a 1900 km dessa costa e foi precisamente escolhida para o exílio por estar longe de qualquer continente.
A minha preocupação é a seguinte: se encontrei estes erros sobre um assunto que conheço qual a fidedignidade de notícias de assuntos que não domino?”, escreve José Paulo Andrade, um leitor do Porto.

Os reparos são parcialmente pertinentes.
1- O leitor tem razão. O nome correcto é Gebhard Leberecht von Blücher (e não Bluchner).
2- O leitor tem razão. Napoleão foi derrotado em Waterloo.
3- O leitor tem razão: Napoleão não regressou a Paris no dia 22 de Junho de 1815 (como menciona o jornalista), mas
“entre as 6 e as 8 horas” de 21 de Junho. Tentou “envenenar-se (as lavagens de estômago praticadas pelo farmacêutico Charles-Louis de Gassicout, filho natural de Luís XV, salvaram-no)“.E abdicou (pela segunda vez) no dia 22 (e não 23, como refere o leitor) “antes das 12h00”.
Eis as fontes consultadas (e parcialmente reproduzidas mais acima): Dicionário Quid: www.quid.fr/2007/Histoire_De_France/Ier_Empire_Restaure_Les_Cent_Jours_1815/1
– e governo francês: www.diplomatie.gouv.fr/archives/dossiers/160ministres/RevConsEmpire/ConsulatEmpire/
chrono.html
O provedor considera, por outro lado, a referência aos Abba uma opção editorial deveras inovadora, mas inapropriada.

O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.pt

 

"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 39

Venho por este meio, manifestar a minha indignação pelo facto de o estádio de Alvalade estar incluí­do na lista de candidatos aos 7 horrores de Portugal. Não acredito que os motivos desta presença sejam arquitectónicos. Não vejo em que é que os outros estádios serão melhores ou diferentes (excepção feita ao estádio do Sp. Braga) para que este estádio seja o único presente.
Paulo Diogo

Sobre o blog

  • O blogue do Provedor do Leitor do PÚBLICO foi criado para facilitar a expressão dos sentimentos e das opiniões dos leitores sobre o PÚBLICO e para alargar as formas de contacto com o Provedor.

    Este blogue não pretende substituir as cartas e os e-mails que constituem a base do trabalho do Provedor e que permitem um contacto mais pessoal, mas sim constituir um espaço de debate, aberto aos leitores. À Direcção do PÚBLICO e aos seus jornalistas em torno das questões levantadas pelo Provedor.

    Serão, aqui, publicados semanalmente os textos do Provedor do Leitor do PÚBLICO e espera-se que eles suscitem reacções. O Provedor não se pode comprometer a responder a todos os comentários nem a arbitrar todas as discussões que aqui tiverem lugar. Mas ele seguirá atentamente tudo o que for aqui publicado.

  • Consulte o CV de Rui Araújo

Links

Um blog do PUBLICO.PT